Há quatro meses entrou em circulação no Brasil um novo medicamento para o
tratamento da Diabetes tipo 2, o Liraglutide, de nome comercial Victoza.
O liraglutide é uma substância sintética que age de forma semelhante às incretinas, hormônios sintetizados pelo intestino e regulam, entre outras coisas, a secreção de insulina e glucagon e a sensação de saciedade.
O liraglutide é uma substância sintética que age de forma semelhante às incretinas, hormônios sintetizados pelo intestino e regulam, entre outras coisas, a secreção de insulina e glucagon e a sensação de saciedade.
Seu uso é indicado a portadores da Diabetes tipo 2 por ter demonstrado em estudos, diversos benefícios à saúde quando associado a uma alimentação equilibrada e atividade física adequada. O tratamento obteve resultados satisfatórios ao promover perda de peso, melhoras na pressão sanguínea e nos níveis de glicemia, redução na circunferência da cintura e mudanças nos níveis de colesterol. Quanto a este último, houve um significativo aumento do HDL (high-density lipoprotein) e redução do LDL (low-density lipoprotein), lipoproteínas responsáveis pelo transporte de colesterol nos tecidos.
Maiores níveis de HDL são importantes para
reduzir a concentração de colesterol nos tecidos, uma vez que essa lipoproteína
transporta tal lipídio ao fígado, podendo ser reutilizado na formação de sais
biliares e excretado como esse composto. Já o LDL contribui de forma contrária
ao organismo por distribuir colesterol aos tecidos, que quando em excesso torna-se
um fator de risco de doenças cardiovasculares.
Qual a
relação entre Diabetes tipo II e colesterol?
O que
acontece nesse tipo de diabetes é a dificuldade das células em responder à
insulina, não absorvendo a glicose em excesso no sangue e causando a hiperglicemia.
Essa doença não tem uma causa específica
conhecida, contudo sabe-se que fatores como hereditariedade, idade geralmente
maior que 40 anos e estilo de vida problemático são agravantes no seu desenvolvimento,
associado, portanto, a vários fatores de riscos de doenças cardiovasculares. Entre
eles, encontra-se a hipercolesterolemia, o qual o excesso de colesterol pode
resultar na obstrução das artérias por acúmulo de placas de gordura, prejudicando a irrigação de tecidos. Como
exemplo, pode-se citar a obstrução de alguma artéria no cérebro, causando sua
dilatação e um possível AVC (acidente vascular cerebral).
Umas
das questões que vêm surgindo sobre o Victoza é seu uso para emagrecimento em
pacientes não-diabéticos. Os estudos realizados e os resultados obtidos fazem
do Victoza um medicamento para os portadores da Diabetes Mellitus tipo 2, quando
alimentação e atividade física adequadas são insuficientes no controle da
glicemia, e os efeitos colaterais mais recorrentes de seu uso (náusea, vômito,
dores de cabeça e hipoglicemia) foram analisados nas pessoas com diabetes,
sendo ainda escassos os estudos sobre os efeitos do medicamento em obesos
não-diabéticos ou apenas não-diabéticos.
Apesar de divulgações, como a da Revista Veja, há um grande equívoco ao tratar do liraglutide como um remédio para emagrecimento. A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – divulgou uma nota esclarecedora em seu site sobre o Victoza, confirmando que sua indicação não é para emagrecimento, e que como tal, oferece riscos à saúde.
Considerando
que qualquer medicamento deve ser previamente estudado para iniciar um tratamento,
o Liraglutide, apesar de ter demonstrado eficácia na redução de peso e seus
efeitos colaterais serem passageiros, deve ser utilizado como demonstra sua
indicação na bula, no tratamento da Diabetes Mellitus tipo 2, e não para fins de emagrecimento, no tratamento da obesidade.
Revista Veja
Edição 2233 – ano 44-nº 36, em 7 de setembro de 2011,
pág.98.
postado por Ana Carolina.
0 comentários:
Postar um comentário